E isso é muito? Quantos milhões de outros profissionais existem no mundo? Sinceramente eu não sei, nunca tive curiosidade de buscar esse tipo de número, mas que parece muito, parece! Especialmente quando a gente pensa nos profissionais de UX nas empresas aqui no Brasil — muitas só tem 1 profissional! Em todo caso, essa é a previsão do mestre e guru Jakob Nielsen, e merece atenção.

Em artigo recente, Nielsen mostra a evolução da quantidade estimada de profissionais de User Experience desde a década de 1950 (sim, já havia 10 profissionais nessa época na Bell Labs!), passando por 2010 (cerca de 100 mil), 2020 (cerca de 1 milhão) e prevê que haverá 100 milhões de profissionais de UX em 2050.

UX professionals in the world, with a logarithmic scale for the y-axis (data from 1950 to 2017 are best estimates; 2018–2050 are forecasts)

Esse número corresponderá a 1% da população mundial, e ele mesmo se pergunta se é realista imaginar toda essa gente trabalhando numa área tão “esotérica” (rs) como User Experience. E ele mesmo responde: sim, porque felizmente UX não será esotérica no futuro!

“A Experiência do Usuário será o principal motor da economia”

UX será um diferencial-chave entre produtos premium, mais valorizados, e produtos comuns, ordinários. Será também a principal maneira de superar o fraco aumento de produtividade que atualmente assola os países desenvolvidos, de acordo com Nielsen.

Quando a produção de maior valor para as economias do mundo está nas mãos dos “profissionais do conhecimento”, o único modo de aumentar a produtividade é utilizar estratégias de design cognitivo e criar produtos e serviços para estender (e não confundir) a mente humana. Tecnologias que negligenciam as características e habilidades dos seres humanos são uma receita para baixa produtividade contínua, nesta época de “economia do conhecimento”.

É fato sabido que UX gera um forte retorno de investimento (ROI) e, segundo Nielsen, isso vai continuar acontecendo à medida que nos voltemos a resolver os problemas de produtividade das economias avançadas, expandindo o objetivo da profissão de UX para além da obsessão atual em obter mais seguidores e curtidas nas redes sociais.

E os outros 99% que não trabalharão com UX?

Segundo Nielsen, 1% da população mundial estará trabalhando com UX e os outros 99% estarão agradecendo aos profissionais de UX por, finalmente, poderem dominar a tecnologia em vez de serem oprimidos por ela. E mesmo que esses 99% da população não percebam que uma parte substancial do crescimento da economia mundial deva ser creditado aos profissionais de UX, ainda assim eles vão apreciar terem enriquecido por causa dos profissionais de UX.

Jakob Nielsen, eloquente como sempre, está realmente muito otimista sobre o futuro da profissão de UX. E descontando um pouco dessa eloquência, eu também estou.

Nesses 15 anos atuando em UX pude ver um crescimento excepcional da Experiência do Usuário nas empresas. Ainda há muito o que fazer para que elas integrem UX adequadamente aos seus processos/projetos e para que os profissionais de UX aprendam a lidar melhor com as questões referentes ao negócio — foco no usuário eles já têm, agora falta melhorar a outra parte.

Espero poder participar da festa quando o counter bater nos 100 milhões de profissionais de UX (rs)! Enquanto isso, continuo minha caminhada, trabalhando, colaborando com as empresas e formando profissionais de UX com mais foco em negócios.

Informações baseadas no texto original de Jakob Nielsen, em inglês.