Em 1996 Bill Gates declarou “Content is king!”. Mais de 20 anos depois, o conteúdo volta a ganhar destaque na corte digital, agora sob a ótica da Experiência do Usuário e com um novo tipo de profissional.

Na recente conferência anual do Google para desenvolvedores, o Google I/O 2017, a estratégia de conteúdo ocupou um espaço importante dentro do evento de tecnologia.

Entre os 3 palestrantes, dois são UX Writers, cargo que já existe em outras empresas de tecnologia além do Google. Aliás, tem aparecido vários anúncios de vagas para essa função em diferentes países (nenhum no Brasil).

Na descrição da vaga do Google diz assim: “Como UX Writer você fará parte do time de Design, vai trabalhar para melhorar a experiências com os produtos através da criação de textos que tenham significado e que seja úteis para os usuários completarem as tarefas que precisam executar. Você vai ajudar a estabelecer uma visão para o conteúdo e a direcionar narrativas coesas nas múltiplas plataformas e pontos de contato”.

O UX Writer, que em Português seria algo como Redator de UX, é um profissional que trabalha junto aos designers, na hora de definir a hierarquia das informações numa página, por exemplo, e também junto aos pesquisadores de UX para descobrir quais as palavras e termos que funcionam melhor para os usuários.

Quando o site ou aplicativo fala a língua dos usuários, eles conseguem fazer o que precisam com mais rapidez e eficiência. Ao oferecer o que os usuários necessitam, a empresa constrói através da linguagem uma relação de confiança e fidelidade com eles.

3 boas práticas para Redação de UX

1.Clareza
Seja claro, trabalhe com palavras e termos que o usuário utiliza, que são familiares para ele. Não use termos e palavras que são do sistema ou do linguajar dos técnicos.

A mensagem para o usuário deve dizer o que deu errado numa linguagem que ele entenda.

2. Concisão
Escrever de forma concisa é mais do que escrever pouco, é escrever com foco na eficiência. Retire palavras que não são necessárias e coloque em primeiro plano o que é de fato relevante para o usuário. Lembre-se que o usuário lê pouco, ele escaneia, então coloque primeiro o que é mais importante para ele.

Se não é necessário colocar um título na mensagem, não se deve colocar só porque tem um espaço para ela.

3. Utilidade
Se o seu texto deve ajudar o usuário a fazer o que ele precisa, então você deve pensar nas ações que ele vai querer executar para alcançar seu objetivo e usar as palavras certas para ele dar o próximo passo com segurança.

O “OK” não é útil! Você deve oferecer ações que ajudem o usuário a se recuperar do erro, isso é útil.

Tudo resolvido? Claro que não! Muitas vezes não é fácil aplicar essas boas práticas, porque elas acabam brigando entre si: para ser mais claro, às vezes é preciso escrever um texto um pouco mais longo. É assim mesmo, você vai ter que decidir o que é melhor para os seus usuários e buscar um equilíbrio com a linguagem e os princípios que norteiam a comunicação da empresa.

Por último, mas ainda longe de encerrar este tópico, o designer não deve ser o responsável por criar os textos da interface, porque essa não é uma habilidade principal desse profissional. Criar os melhores textos com foco no usuário é tarefa do redator, que deve trabalhar junto com o time de design e de pesquisa de UX, como o Google recomenda.

Agradeço ao Guy Ligertwood por ter compartilhado suas notas sobre o evento do Google com tamanha clareza e detalhamento, e que me permitiram criar este resumo.

E depois de tantos anos vendo o conteúdo ser colocado em segundo plano em agências e em empresas que nem tinham (infelizmente algumas ainda não têm) um redator para seus sites e aplicativos, tenho que agradecer ao Google. Mesmo que algumas guidelines mereçam uma revisão e uma discussão mais aprofundada, especialmente para países além dos EUA, quando o Google fala as pessoas ouvem. Por isso, obrigada Google por colocar o UX Writer em evidência e mostrar como esse profissional é fundamental para dar vida longa ao rei, o conteúdo.