Quando as proibições de viagem foram anunciadas e o distanciamento social se tornou uma norma, os alarmes começaram a soar na comunidade de UX, em particular na área de research. Interação pessoal e comunicação estão no coração do que fazemos. O que acontece quando não podemos viajar e estar perto dos utilizadores?

UXalliance é uma organização global que é colaborativa por natureza, partilhamos experiências constantemente e aprendemos uns com os outros, à medida que a COVID-19 se espalha por todo o mundo. A UXalliance reuniu, então, algumas dicas para ajudá-lo nas suas atividades de research:

 

Dica 1: Considere as suas opções – adiar ou continuar

Os produtos precisam de ser desenvolvidos, caso contrário os benefícios para a empresa e para os seus clientes perder-se-ão (e as equipas de produtos têm um custo e não podem ficar paradas).

As opções são:

  • Adie a fase de research (e o desenvolvimento) e espere que o cenário melhore. Mas esteja ciente de que isso pode demorar meses.
  • Prossiga sem fazer research. Mas aí arrisca-se a desenvolver produtos que não respondem às necessidades dos utilizadores, incompletos, insatisfatórios.
  • Continue com as atividades de research, mas possivelmente de uma maneira diferente.

 

Dica 2: Implemente medidas de segurança para proteger e tranquilizar participantes e profissionais

A COVID-19 exige boa higiene e todos estamos a adotar medidas extra de segurança e higiene como medida de proteção e prevenção. Elas variam em grau, dependendo de cada país. Consulte as diretrizes detalhadas publicadas pela Organização Mundial da Saúde.

Em termos de recrutamento, sugerimos que ajuste os questionários de seleção para eliminar possíveis participantes que possam ter contraído o vírus ou que façam parte de grupos de risco. Além disso, reforce a quantidade de participantes que ficam de reserva para o caso de existirem faltas de última hora.

Para a segurança dos participantes e dos moderadores, após cada sessão higienize tudo o que possa ter sido manuseado durante a sessão. Siga as boas práticas de higiene da OMS e mantenha sempre uma distância social entre o moderador e o participante (pelo menos 1 metro).

precauções de higiene e segurança para realizar entrevistas e testes com utilizadores

Precauções práticas que deve tomar ao realizar sessões presenciais.

 

Dica 3: Ajuste os seus métodos de research

As atividades de research continuam a acontecer mesmo nos países mais infetados. A escolha da solução alternativa depende do objetivo.

Os estudos imersivos são os mais vulneráveis ​​a interrupções. Como podemos realmente mergulhar na experiência de um utilizador noutras regiões do país (ou do mundo) quando estamos impedidos de viajar?

A técnica de “Diários” combinada com um workshop de “co-imersão” com uma equipa local de UX é uma ótima solução. Os diários, que são vídeos gravados pelos utilizadores, podem ser uma boa forma de se aproximar da vida deles. A equipa local pode realizar a imersão contextual e guiar os clientes que estão nesse país no entendimento e descoberta dos insights obtidos no terreno. Isso pode até funcionar melhor, já que uma pessoa “de fora” não estará presente e não influenciará de nenhuma forma o comportamento dos participantes durante a fase de research.

Os focus groups presenciais não são recomendados​​ (não é realmente o momento de reunir grupos de estranhos em espaços fechados). Contamos com a ajuda da tecnologia, através do uso de ferramentas de reunião remota que suportam vários participantes simultaneamente. As ferramentas colaborativas também podem permitir que os participantes trabalhem num espaço digital comum como, por exemplo, Whimsical, Miro e Mural.

ferramentas colaborativas para UX research exemplo Miro

As ferramentas colaborativas podem ajudá-lo a realizar focus groups remotamente (exemplo: Miro)

 

Dica 4: Crie uma solução alternativa para restrições de tecnologia

O streaming de vídeo e a partilha de ecrã são possíveis entre plataformas e são uma contingência eficaz. Funcionam bem onde a infraestrutura de internet é boa, mas em alguns locais a baixa velocidade da internet pode torná-lo complicado.

Normalmente, encontramos três cenários:

Streaming – O melhor cenário, onde os clientes podem observar a sessão em tempo real e colaborar com a equipa local usando chat e quadros online. Isto é possível na maioria das regiões mais desenvolvidas e em grandes cidades, mas é uma grande contingência em muitos casos.

Quase ao vivo – envolve um atraso de 5 a 10 minutos no fluxo do streaming e pode ocorrer em algumas regiões com infraestrutura menos desenvolvida. Os parceiros locais saberão disso e poderão orientar sobre as possibilidades de colaboração para observadores remotos. Eles também poderão sequenciar as fases de research para garantir que existe feedback e que os observadores permanecem envolvidos.

Upload de vídeo depois da sessão – em locais com grandes limitações de internet, a única solução viável pode ser enviar o vídeo da sessão logo após a sessão ou depois de algumas horas. Com um bom briefing, coordenação e check points periódicos (por exemplo, a meio do dia), ainda é possível envolver observadores remotos.

 

Dica 5: Use empresas locais de UX

A boa notícia é que UX research agora é global e existem fornecedores experientes que podem ajudar clientes que não podem viajar. Muitos estão habituados a trabalhar remotamente para clientes internacionais. Nós podemos tornar-nos os olhos, ouvidos e mãos da equipa do cliente, localizando os estudos, fazendo streaming das sessões de entrevistas e partilhando vídeo / áudio. O impacto da COVID-19 varia consideravelmente e sabemos o que é possível alcançar localmente (também entendemos as soluções alternativas necessárias, por exemplo, onde a velocidade da internet não é tão boa).

 

Dica 6: Planeie para diferentes fusos horários

Se realiza research internacional e não pode viajar, vai precisar de trabalhar de forma eficaz através de diferentes fusos horários. É uma situação que faz parte da rotina da UXalliance, com a qual lidamos há já algum tempo.

Encontrar os melhores horários nos diferentes países é essencial para as equipas poderem realizar briefing, debriefing e acompanhar as sessões de teste ou entrevista. Além disso, pode usar checklists abrangentes para atividades que podem acontecer de forma assíncrona. Ao trabalhar com parceiros familiarizados com testes globais garante-se que esse processo funciona sem problemas.

 

Uma coisa é certa: vivemos tempos sem precedentes, onde precisamos de saber ainda mais uns sobre os outros para resolver alguns dos problemas que esta doença causará. A boa notícia é que nunca tivemos uma tecnologia tão boa e um conhecimento global tão amplo para lidar com ela do que neste momento.

Keep calm and carry on researching! — Mantenha a calma e continue a fazer research!