Os métodos de research em UX são baseados principalmente na observação do que o utilizador faz. Pouco ou nada adianta perguntar o que o utilizador gosta quando o objetivo do estudo é obter inputs para as equipas de design, produto ou tecnologia.

Perguntar aos utilizadores o que eles precisam, se eles gostam ou não da sua app, se eles sentem falta de alguma coisa ou o que gostariam que fosse melhorado, normalmente não traz as informações que necessita para melhorar o produto.

A verdade é que na maioria das vezes os utilizadores não conseguem dar respostas relevantes a este tipo de pergunta, porque ou não sabem bem o que querem, não são capazes de articular o que precisam ou porque é-lhes indiferente.

Se quer saber o que os utilizadores realmente pensam do seu produto e como implementar melhorias que atendam às suas necessidades e aos seus desejos, deve observá-los enquanto utilizam o seu produto. E ainda melhor: conhecer um pouco mais sobre como é a vida deles.

Um dos métodos de research em UX mais adequados para isso é o Estudo Etnográfico, também chamada Análise Contextual.

Entender o contexto em que a pessoa vive

A base do estudo etnográfico é acompanhar a pessoa no seu ambiente, seja em casa, no trabalho, em movimento, com o mínimo de interferência do researcher.

Este método tem origem na antropologia e há muitos anos é utilizado para conhecer os hábitos e comportamentos do público-alvo de produtos e serviços.

Algumas empresas acham que já fazem isso porque vão à casa das pessoas e fazem entrevistas in loco, mas isso é uma entrevista, não uma Análise Etnográfica.

A Análise Etnográfica baseia-se mais na observação do que em perguntar. O researcher acompanha a pessoa na sua rotina, presta atenção a tudo o que ela faz, fica de olho nas atitudes, comportamentos, reações, até no modo de falar, e toma nota de tudo (grava, tira fotos, sempre que possível).

Com este tipo de observação obtém-se informações valiosas sobre o que as pessoas pensam, do que precisam, ao que elas dão valor, que linguagem utilizam, em que confiam, onde procuram ajuda, ou seja, inputs para as equipas criarem produtos e serviços de sucesso.

Obrigada ao David Travis pelo artigo inspirador e por resgatar um frame do interessante filme sueco-norueguês “Kitchen Stories”, de 2004.

O filme baseia-se numa história real de 1950 sobre uma grande investigação patrocinada pelo governo sueco para entender os hábitos e os comportamentos das pessoas na cozinha, com o objetivo de otimizar esse espaço da casa.