No que me toca, a minha experiência profissional, em 2018, foi ímpar. Tive a enorme sorte de poder tirar duas certificações internacionais de UX: a da Nielsen Norman Group e a da UXalliance – a UX-PM (para a qual fui certificado também como formador e que irei a ministrar a partir de janeiro de 2019). O que quero partilhar, é uma análise pessoal sobre estas duas certificações.

Certificações Internacionais

A certificação da NN/g é de um enorme prestígio, dado que é de uma das maiores e mais credíveis empresas de UX do mundo. No caso da UXalliance, a UX-PM é uma certificação criada por um grupo de 25 empresas internacionais cuja realidade diária é mais próxima da Tangível – são empresas e profissionais que procuram diferenciar-se pela excelência do seu trabalho e afirmarem-se neste mercado cada vez mais competitivo. Do meu ponto de vista, é interessante e relevante conhecer como é que outras empresas de UX, mais parecidas com a nossa, fazem para se manterem à tona de água e prosperarem.

A certificação NN/g é claramente destinada a profissionais de UX que procuram reforçar as suas competências em numerosas áreas de UX. A UX-PM, em contrapartida, foi desenhado para abarcar um leque mais abrangente de profissionais, que inclui não só profissionais de UX, que precisam de uma atualização, como também profissionais de outras áreas que lidam diariamente com profissionais de UX: gestores de produto, gestores de projeto, diretores, etc., e que precisam de integrar UX nos seus projetos. A UX-PM pretende abrir os horizontes destes últimos profissionais para o enorme panorama de metodologias, processos, atividades e técnicas que permitem tirar o máximo partido da “voz do utilizador”, sem descurar a “voz do mercado” e a “voz do negócio”. Para os profissionais de UX, é uma enorme ajuda para aprender a falar a linguagem do negócio e dos nossos clientes, ou seja, como apresentar metodologias, findings, definir métricas e propor soluções de design numa linguagem que faça sentido para quem dirige o negócio.

UX Leadership

Uma das vertentes da certificação NN/g é UX Leadership e é a que mais se aproxima do flavour da UX-PM em termos de abordagem, temas e público-alvo. O que pude observar é que as duas certificações estão muito alinhadas, tanto na abordagem como nos tópicos que são cobertos.

Uma das vantagens para quem reside e trabalha em Portugal é que a certificação UX-PM é dada no nosso país, em Lisboa (podendo vir a ser dada em outras cidades portuguesas), e no seio das empresas em formato in-house. Na UX-PM, os formadores conhecem e “respiram” a realidade portuguesa: as vicissitudes e idiossincrasias do mercado português. Estão, por isso, em excelente posição para dar respostas às dúvidas e dores sentidas por profissionais deste nosso país, as quais – já experimentei – nem sempre são entendidas pelos nossos colegas de profissão de outras latitudes – ingleses, alemães, holandeses, americanos, etc. Ah! E, claro, para quem dá importância a isso, as aulas, os materiais e o exame são em português.

Outro aspeto positivo da UX-PM é que as turmas são mais pequenas (até 12 pessoas). Na edição em que fui formando, senti que um grupo mais pequeno permite criar uma dinâmica mais rica e espontânea com os outros formandos, o que ajuda a aproveitar melhor as atividades práticas e exercícios que ocorrem nos dois dias de cada um dos 3 níveis.

Um take-away

Partilho um dos principais takeaways que recolhi na minha formação UX-PM: a crescente importância que é dada às competências relacionais do profissional de UX para com todos os outros stakeholders. O envolvimento dos stakeholders antes do projeto começar, a sua participação forte nos primeiros dias, e um acompanhamento regular e participativo por eles é considerado cada vez mais fundamental para garantir o sucesso dos projetos. E é fácil perceber a razão desta tendência internacional: as organizações são entidades políticas e compostas por pessoas com objetivos, aspirações e receios. O sucesso dos projetos não resulta apenas da excelência do trabalho do UX Designer ou UX Researcher, mas também do input e do buy-in de todos os stakeholders, sejam eles o gestor de produto, o diretor de marketing, o especialista de segurança ou o responsável pelo compliance.

Investir em formação certificada

Vale a pena investir em formação contínua. Mesmo (e ainda mais) quando pensamos que já dominamos uma área do saber.
Se está a dar os primeiros passos nesta área fascinante que é UX, ou não sendo UX a sua área profissional direta, precisa mesmo assim de saber mais sobre este tema, a minha recomendação é que invista em formação certificada, seja UX-PM, seja outra.